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Presidente da câmara reeleito fala sobre novos desáfios

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

/ PPM

Que Campos é uma cidade em franco processo desenvolvimento, se sabe. Nos últimos anos, o município assiste a um volume jamais visto de investimentos que desembarcam no entorno da região que constitui sua área de influência. Os índices de crescimento, por sua vez, impõem amplo debate, estudos e ações que apontem para um caminho de desenvolvimento harmônico e equilibrado, no caminho do aproveitamento das oportunidades pelo conjunto da sociedade. Reeleito para mais um mandato de presidente da Câmara Municipal, é com esse espírito de discussão sobre o futuro da cidade que o médico-cirurgião Edson Batista pretende direcionar os próximos dois anos de sua gestão. "Vamos discutir os desafios sobre o futuro de Campos e a região. Esse será mais um, o quarto pilar de nossa gestão neste biênio". 

Logo que assumiu a presidência da Câmara Municipal de Campos o senhor anunciou que seriam três os pilares que iriam nortear sua gestão nesses dois primeiros anos: a participação popular na discussão de temas de grande relevância para a sociedade, a transparência e a cultura, com destaque para a preservação da história e a memória de Campos. Agora, o senhor acrescenta mais um. O que seria discutir os desafios do futuro do município?
Edson Batista (EB) - Para os próximos 10 anos, com a exploração da camada do pré-sal, há uma previsão de investimentos no entorno da Bacia de Campos da ordem de meio trilhão de dólares. Dentro destes 10 anos, há previsão de duplicação da sua população. Nós temos em nossa região os complexos do Açu e Farol/Barra do Furado como polos de atração destes investimentos, que envolvem uma cadeia produtiva gigantesca, com atividades de extração, transporte, refino, abastecimento, construção e reparos de navios e plataformas e além da movimentação de cargas e outros negócios. Por outro lado, o poder público e a sociedade precisam se mobilizar para a discussão sobre a implantação de logística como duplicação de rodovias, instalação de outros modais como a própria ferrovia e outras vias de acesso que precisam de amplo debate. A Câmara vai deflagrar essa discussão, ampliar o debate com a sociedade, chamando as diferentes entidades de representação do setor produtivo, dos trabalhadores e agentes de diferentes esferas do poder público. Com esse espírito, vamos discutir um planejamento estratégico integrado com base em estudos técnicos e na discussão com a sociedade. E tem que ser para já. Queremos, sim, o desenvolvimento mas, que seja em beneficio de toda a sociedade. Não pode ser um crescimento excludente, que beneficie apenas alguns e atire milhares de pessoas na exclusão. 

Neste caso, a Câmara cumpre o papel de interlocução entre a sociedade civil, o poder público e o setor privado para estabelecer uma sinergia entre esses agentes...
EB - Bem, a Câmara já tem cumprido muito bem este papel. Não houve um só assunto relevante de interesse público que não fosse aqui objeto de amplo debate e discussão permanente. Com esta avalanche de investimentos prestes a desembarcar na Bacia de Campos nos próximos anos, a sociedade e o poder público precisam discutir e apontar caminhos, já que o ciclo de desenvolvimento que se avizinha é um fenômeno visível e irreversível. Bastar ver o processo de verticalização de nossa cidade, com a instalação de construções verticais e também horizontais, hotéis de categoria e outros empreendimentos que oram se instalam e irão ainda se instalar em nossa cidade. 

Quando o senhor fala da responsabilidade do setor público, trata-se de investimentos de sua responsabilidade em áreas essenciais para atender a demandas que irão se multiplicar...
EB - Exatamente. Investimentos nas áreas de saneamento, saúde e educação, entre outros pontos. O município precisa estar preparado para não ser atropelado pelos acontecimentos. Tudo isso exige uma série de ações, estudo e identificação de demandas, chamando os entes públicos e privados, além da sociedade civil. Como exemplo, a Firjan tem um documento com uma visão estratégica e perspectivas de crescimento da região, com a identificação de demandas para os próximos anos na área de infraestrutura. Vamos chamar a entidade para o debate, eles têm muito a contribuir. Há também estudos da Petrobras para a região apontando essas demandas. Vamos continuar a discutir os temos rotineiros do nosso cotidiano, mas abrindo um espaço especial para um amplo debate sobre a projeção do futuro no sentido de aproveitar essa janela de oportunidades e discutir suas demandas e impactos. 

E quais as ações e linhas mestras iniciais deste processo de discussão? Alguma interlocução já foi estabelecida?
EB - Dentro desta próxima quinzena, a Uenf, a Câmara e outras instituições irão assinar um protocolo de intenções para a criação do parque tecnológico do Norte Fluminense. Esse será um grande passo para transformar a realidade da nossa região. 

A sua reeleição como presidente da Câmara foi marcada por divergências, uma série de avanços e recuos, lançamento de chapas alternativas, mas no final prevaleceu o triunfo de um trabalho de engenharia política e o senhor acabou reeleito para mais um biênio. Como o senhor analisou este processo eleitoral?
EB - A minha permanência por mais dois anos à frente da presidência da Câmara se deu em nome da manutenção da unidade do nosso grupo e a acumulação de força política que tem como objetivo maior a consolidação de um projeto que tem à frente a liderança de Garotinho e da prefeita Rosinha. Um projeto que visa o crescimento, mas com desenvolvimento social e humano. Minha reeleição não visa o poder pelo poder, nem cargos. Mais importante do que isso é a causa que nos move: um projeto que visa o desenvolvimento econômico do município, mas com a busca da redução das desigualdades, a justa distribuição de renda e oportunidades para os que mais precisam. 

O senhor acha que eventuais sequelas entre os formaram a outra chapa que nem chegou ser registrada podem ser reparadas?
EB - Eu sempre mantive com todos os vereadores uma relação de respeito porque entendo que cada um deles, seja qual sigla, condição ou posição, tem uma legitimação popular, uma delegação de poderes conferido pela sociedade que lhe imbuiu dessa autoridade. A sociedade não é monolítica, mas eclética, logo cada um representa este ou aquele segmento. E dentro desse contexto são naturais as divergências, parte da democracia, são salutares. A luta política só não existe na ditadura, à qual viramos a página faz muito tempo. Eventuais visões ou discordâncias são do processo político.

Em sua avaliação, qual o maior legado nestes dois anos de gestão?
EB - Como disse antes, nossa gestão teve como base essencial esses três pilares: a participação, a transparência e a cultura. A participação popular foi uma grande marca. Com o apoio dos vereadores promovemos audiências públicas e sessões especiais com a Câmara tornando-se um fórum permanente de debates sobre os problemas mais relevantes da comunidade. E, mais do que isto, encaminhando soluções como no caso da campanha de doação de sangue que teve ótima repercussão. Tanto é que logo veio o encaminhamento para a instalação das agências transfusionais e a ampliação do Hemocentro do Hospital Ferreira Machado, por verbas viabilizadas através de emendas dos deputados Anthony Garotinho e Paulo Feijó. Mas houve também outras conquistas como a nova Lei Orgânica Municipal, que há 20 anos não era reformada, e onde estão inseridos avanços que irão beneficiar a população. Implantamos uma programação cultural com destaque para a preservação da história e da memória de Campos, assim como buscamos valorizar datas históricas e os valores, vultos e tradições de nossa terra. Fizemos um documentário sobre a vida de Nilo Peçanha; e iremos fazer o mesmo com José do Patrocínio, outro ilustre campista e considerado Tigre da Abolição, agora no dia 20 de novembro, não por coincidência Dia de Zumbi dos Palmares. 

Por fim, a Escola Municipal de Gestão Pública que acaba de ser inaugurada...
EB - No Brasil, são 146 cidades que tem sua escola pública de gestão. Campos é a primeira cidade do Estado a ter a sua, Friburgo será a segunda. O primeiro curso já foi inaugurado em parceria com a UFF, sobre administração escolar. A implantação da Escola de Gestão tem por finalidade melhor capacitar nosso servidor público, e assim prestar serviço de melhor qualidade. Na sociedade contemporânea, o maior capital é o conhecimento que impulsiona e desenvolve a capacidade inovadora e transformadora do homem. Essa clareza permeia a administração pública nos dias atuais, que trabalha com um conjunto de metas a serem atingidas em áreas como saneamento, na educação ou na saúde. Esse conhecimento vai além da habilidade para controlar os problemas comuns do dia a dia, mas acrescido de uma visão do futuro no sentido de transformar a realidade com uma melhor contribuição na capacidade de elaboração de projetos ou em outras habilidades e competências que se somaram nos últimos anos entre as atribuições do gestor público. 

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