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BOMBA DA CEPERJ: Pagou R$ 5,6 milhões a ex-funcionários que atuam em campanhas eleitorais até de candidatos ao Governo

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

/ Jornal Olhar


Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da folha de pagamentos do Ceperj mostram que 663 ex-funcionários da fundação prestam ou já prestaram serviços para 217 candidatos de 26 partidos nessas eleições. A fundação ligada ao governo do Rio é alvo de investigação do Ministério Público estadual devido a suspeita de pagamento com dinheiro em espécie de pessoas que seriam cabos eleitorais do governador Claudio Castro (PL).

O cruzamento de dados feito pelo GLOBO expõe a conexão política de quem trabalhou no Ceperj. Ao todo, há 474 ex-funcionários do Ceperj em 136 campanhas de deputado federal, 182 de 80 estaduais e 7 na campanha de governador de Rodrigo Neves (PDT). Em nota, o pedetista diz ter contratado e pago os funcionários de acordo com as regras eleitorais, "sem ter conhecimento de que essas pessoas estavam envolvidas no escândalo dos cargos secretos do Ceperj" e que as desligou das funções.

De janeiro a julho, todos os 663 ex-funcionários hoje em campanha receberam R$ 5,7 milhões do caixa do governo. Depois, a partir de agosto, a soma da remuneração dos mesmos nomes chegou a R$ 1,7 milhão abastecidas por recursos dos partidos.

O União Brasil, principal sigla da base aliada do governador Claudio Castro, é a legenda em que os candidatos mais contrataram antigos prestadores de serviço do Ceperj. Ao todo, foram abrigados 161 pessoas que cobraram R$ 424 mil das campanhas eleitorais. Juntas, elas receberam quase R$ 1,4 milhão do governo estadual entre janeiro e julho deste ano. Buscando a reeleição para a Câmara Federal três deputados da sigla abrigaram ex-funcionários do Ceperj na corrida eleitoral: Chiquinho Brazão contratou 22 pessoas, Juninho do Pneu, ex-secretário de Castro, contratou 12 funcionários e Antônio Furtado mais 10 antigos colaboradores da Fundação.

Em segundo no número de contratações está o PSD, cujo o presidente estadual é o prefeito Eduardo Paes. As candidaturas da legenda contrataram 80 ex-funcionários a R$ 255 mil. Ao todo eles receberam do Ceperj quase R$ 784 mil.

Ex-secretária da prefeitura do Rio, Laura Carneiro é uma das candidatas que mais abrigam antigos funcionários, com 23 nomes em sua campanha. Outros ex-secretários de Paes também aparecem na listagem por ter abrigado quatro ex-funcionários do Ceperj cada um: Renan Ferreirinha e Daniel Soranz. Jones Moura, que tenta um novo mandato após ocupar a vaga de Flordelis, abrigou 10 ex-funcionários na campanha.

Completam o ranking de partidos com mais ex-funcionários do Ceperj abrigados o Partido Trabalhista Brasileiro (63), o Solidariedade (49), o Podemos (43) e o Partido Liberal (40).

O campeão de contratações de ex-funcionários para sua campanha é Marcus Vinícius Neskau, que além de tentar uma cadeira na Câmara de Deputados é presidente regional do PTB. Ele, que é ex-genro do presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, contratou para sua campanha 34 pessoas que também estão na lista de cargos secretos do Ceperj. Entre eles estão quatro de seus coordenadores de campanha, que juntos receberam R$ 18, 9 mil da candidatura e R$ 33,1 mil da Fundação.

— Enquanto presidente do partido e candidato, declaro que respeito a legislação eleitoral e, para a campanha, cumpro todas as exigências para a contratação de pessoal. Em relação ao quantitativo, não posso confirmar quantos foram funcionários do Ceperj uma vez que não cabe a nós saber onde as pessoas trabalharam anteriormente — disse Neskau.

A segunda candidatura que mais abriga antigos colaboradores do Ceperj é de Daniela Maia (PSDB), ex-presidente da Riotur e filha de Cesar Maia — candidato a vice governador na chapa de Marcelo Freixo (PSB). Em seu comitê trabalham 32 pessoas que também receberam do governo estadual ao longo do ano. Ao GLOBO a campanha de Daniela Maia diz não ter conhecimento pretérito sobre onde as pessoas atuavam e ter absorvido “pessoas que estavam desempregadas, procurando emprego e que souberam através de lideranças das pontas ou por intermédio de alguém, de boca a boca, sobre a oportunidade de trabalhar”.

O ranking de mais contratações de antigos prestadores de serviço da Fundação ainda tem Rodrigo Amorim (PTB) com 14. Atuando na coordenação de campanha de Rodrigo Amorim está Stephanie Nunes, ex-funcionária da Fundação que mais recebeu na folha secreta e que trabalha agora em campanhas eleitorais. Até julho, ela foi beneficiada com sete ordens de pagamento do Ceperj, que somados ultrapassa R$ 51 mil. Ela é filha de Dionisio Luiz de Oliveira, ex-chefe de gabinete de Amorim e consta na prestação de contas do deputado à Justiça Eleitoral para receber R$ 6,5 mil da campanha. Em nota, Amorim afirmou que todos da campanha estão registrados na Justiça eleitoral e não tem qualquer relação com o Ceperj.

Em nota, o Ceperj disse que todos os programas passam por processo de tomada de contas, e diante de qualquer irregularidade em relação à prestação de serviços, serão abertos procedimentos administrativos disciplinares ou serão tomadas providências judiciais no caso de contratados que não são funcionários públicos.

FONTE: EXTRA

foto: Metrópoles

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