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Questões polêmicas que candidatos denunciam no concurso do IFF

quarta-feira, 22 de março de 2017

/ PPM
Erros e possíveis plágios denunciados por participantes levavam ao cancelamento do concurso público de nível superior do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFF) campus Campos Centro, realizado na tarde do último domingo (19).  A medida foi anunciada pelo reitor da instituição, Jefferson Azevedo, em entrevista concedida à imprensa na noite de segunda-feira (20). No entanto, aqueles que fizeram provas no turno da manhã e para o nível médio sentiram-se lesados porque, segundo eles, irregularidades também foram identificadas nas provas para os cargos de auxiliar administrativo e professor. Agora, eles pedem a anulação total do certame e decidem nessa terça-feira (21) se levarão o caso à justiça.
Em face das denúncias dos participantes, o reitor do IFF reuniu-se com a Metrópole Soluções Empresariais, empresa contratada por meio de licitação para organização e realização do concurso, quando decidiram pelo cancelamento das provas de nível superior aplicadas no turno da tarde. Isso aconteceu porque os “concurseiros” reuniram evidências de que algumas questões cobradas nas provas seriam iguais a de concursos anteriores e até mesmo de vestibulares, o que viola o princípio da isonomia e da moralidade do certame e ao dever de sigilo. O número excessivo de questões com erros de correção e com conteúdos que fugiriam do que teria sido cobrado no edital também levou à anulação das provas.
No entanto, as mesmas evidências também teriam sido identificadas nas provas aplicadas no turno da manhã e também para cargos de nível médio, que não foram canceladas pelo reitor. É o que conta o participante Yago Pessanha, que concorreu às vagas de professor de automação e de auxiliar administrativo. De acordo com ele, somente na prova para professor, foram encontrados 13 “equívocos”: cinco questões de Legislação não teriam conteúdo o cobrado no edital; duas de Legislação, duas de Língua Portuguesa e duas específicas de automação estariam erradas; e duas de docência teriam sido plagiadas de outros concursos e vestibulares. Já na prova de nível médio, para o cargo de auxiliar administrativo, foram identificados dois plágios na prova de Matemática.
“Segundo a legislação dos concursos públicos, mais precisamente o Princípio do Ineditismo, as questões aplicadas por certame que objetiva selecionar candidatos para ocupação de função pública devem ser inéditas. Então, com base, somente as questões plagiadas já configurariam o cancelamento do concurso tanto no turno da tarde, quando no turno da manhã para todos os cargos. Não entendemos porque somente as provas da tarde e para nível superior foram canceladas”, disse Yago.
No “Blog do Concurso”, da Folha Dirigida, consta que “a utilização de material já empregado em concursos anteriores cria uma desigualdade gritante entre aqueles que tiveram a oportunidade de enfrentar anteriormente tais questões e aqueles que as vêem pela primeira vez, e essa distorção ganha contornos ainda mais dramáticos se levarmos em consideração que atualmente existe toda uma comunidade formada por candidatos que se dedicam exclusiva ou quase exclusivamente à preparação para concursos públicos, e isso não apenas para galgarem posições melhores no mercado trabalho representado pelo serviço público, mas, muitas vezes até, apenas com o objetivo de conquistar maior experiência para disputas futuras. A ação popular, tendo em vista a afronta ao princípio da moralidade, e uma representação ao ministério público, estadual ou federal, conforme for a esfera de poder que esteja realizando concurso, são medidas que poderão ser empregadas por qualquer pessoa que deseje combater atos como os aqui comentados”, diz o texto.
Com o intuito de reunir provas dessas denúncias, Yago, junto a outros concurseiros, estão identificando essas questões para apresenta-las ao reitor e também à Justiça, caso essa seja a única medida cabível. O professor Randal Rangel, proprietário de um curso preparatório do município, também está apoiando e orientando os participantes do certame.
“Foram identificadas inúmeras irregularidades, desde questões retiradas de outros concursos e vestibulares, questões mal formuladas, cobrança fora da realidade e fora do que era cobrado no edital, entre outras. Caso o concurso não seja cancelado, os participantes teriam que entrar com um uma série de recursos e o prazo para isso é de apenas um dia, quando a legislação exige pelo menos três. Na realidade, esse certame não prezou pela organização e a empresa contratada pelo pregão eletrônico já tem um histórico ruim, além de ter cobrado um valor muito abaixo da concorrência para organizar a prova. Nós ficamos tristes porque o IFF é uma instituição respeitada e uma situação como essa gera uma imagem negativa”, afirmou o professor.
A equipe de reportagem do Jornal Terceira Via entrou em contato com o Ministério Público Federal (MPF) de Campos que afirmou não ter recebido denúncias sobre o concurso do IFF até a tarde de terça-feira (21).
Sempre respeitando o princípio do contraditório, a equipe também entrou em contato por e-mail com a Metrópole Soluções Empresariais e questionou sobre os supostos erros e plágios das questões, mas até o momento não obteve resposta.
A reportagem ainda pediu uma nota oficial ao IFF campus Centro e perguntou sobre a escolha por cancelar apenas as provas de nível superior do turno da tarde e sobre a nova data da prova, mas as perguntas também não foram respondidas até o momento. Ainda assim o jornal aguarda e publicará a versão da empresa e do IFF para os fatos noticiados.
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