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Deputada Clarissa Garotinho, fala da saída do PR, diz sobre Rosinha e muito mais...

terça-feira, 26 de maio de 2015

/ PPM

Na entrevista, lê-se uma deputada federal Clarissa Garotinho evasiva ao falar da saída do PR ao PSDB. Para quem sabe ler além, como não negou, a possibilidade (aqui) existe. Entre Brasília, Rio e Campos, ela não se negou a falar do resto, nem que tenha sido para contestar as pesquisas que revelam o momento ruim do governo Rosinha, a idoneidade dos institutos e a divulgação dos resultados. Ela também considerou ousadia, não erro, a candidatura do pai ao governo do Rio, em 2014, mesmo que seu resultado prático tenha sido a volta dele a Campos. Enquanto chamou a oposição da cidade de irresponsável, ela ressalvou que a renovação no seu grupo tem que ser dos personagens, mas na defesa do mesmo legado.

Folha da Manhã – Seu nome já surge nas pesquisas para Prefeitura do Rio em 2016. Em 2012, na aliança entre PR e DEM, com você como vice na chapa encabeçada por Rodrigo Maia, o resultado eleitoral foi decepcionante. Acha que poderia ser diferente no ano que vem, diante de pré-candidaturas fortes como Romário (PSB) e Marcelo Freixo (PPS)?

Clarissa Garotinho - Sobre a eleição passada é importante esclarecer que o vice pode agregar, mas ninguém vota em vice. Eu mesma nunca disputei uma eleição majoritária, mas me preparo para isso algum dia. É cedo para falar sobre as eleições municipais. Minha prioridade agora é fazer um bom trabalho na Câmara dos deputados. Romário sem dúvidas é um forte candidato, mas até agora ninguém sabe se ele vai disputar ou não.

 Folha – Após a derrota de Anthony Garotinho no primeiro turno da eleição a governador de 2014, em outro resultado eleitoral frustrante, restaram apenas Pros e PT do B na aliança estadual. Basta? Como ampliar esse leque para 2016?

Clarissa - Cada eleição é uma eleição. E a política é muito dinâmica.

Folha – Você tem se destacado pelas posições contrárias ao presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB). Chegou a chamar de “vergonhoso” (aqui) o depoimento dele na CPI da Petrobras, quando acabou elogiado pelos colegas. A intenção é repetir, em Brasília, o início do seu pai em Campos contra o ex-prefeito Zezé Barbosa, polarizando com quem é maior para tentar crescer?

Clarissa - Não. A sessão da CPI, uma comissão de inquérito, se transformou em sessão de homenagens ao presidente Eduardo Cunha, denunciado na Lava-Jato e acusado de preparar requerimentos para outros parlamentares assinarem com o objetivo de pressionar empresas e forçar o pagamento de propinas. Foi vergonhosa mesmo a CPI.

 Folha – Cunha afirmou em rede nacional que seu maior erro foi ter se aliado no passado a Garotinho. Como avalia o desempenho dele na presidência da Câmara, capaz de impressionar mesmo veteranos, como seu colega de bancada Paulo Feijó (PR), pelo ritmo de trabalho imposto à Casa?

Clarissa - Realmente o ritmo da Câmara está bastante acelerado. Mas os fins não justificam os meios. Acho importante que a Câmara seja um poder independente e harmônico com os demais poderes da República. Mas isso tem que ser real, e não objeto de chantagem.

Folha – Enquanto deputada federal que vai discutir e votar a reforma política, qual sua posição sobre questões como voto distrital, financiamento de campanha, redução do mandato de senador, cláusula de barreira e reeleição?

Clarissa - A Reforma Política será uma mini reforma eleitoral. Não acredito em grandes mudanças. O presidente quer adotar o sistema distritão, onde entram os mais votados. No discurso fácil parece muito bom. Mas não é. Favorece quem já tem mandato e personalidades. Dificulta a renovação, torna as campanhas mais caras e a política ainda mais personalista. Infelizmente o sistema proporcional, que é o mais democrático, está fracassando pela enormidade de partidos políticos e pela falta de identidade de cada um deles. Acho que o sistema proporcional com o fim das coligações seria o melhor para o momento. Existe uma última tentativa de um acordo em torno do sistema distrital misto, que seria minha segunda opção. Agora o distritão é considerado uma aberração pela maioria dos cientistas políticos.

Folha – O PR e, sobretudo, seu pai, tem se marcado por posições dúbias, integrando a bancada governista, mas com críticas fortes ao PT e à administração de Dilma Rousseff (PT), isolada em sua pior crise de popularidade desde que foi eleita presidente a primeira vez em 2010. Particularmente, o que acha não só de Dilma e seu governo, mas dos últimos 13 anos do Brasil sob comando do PT?

Clarissa - Não há nenhuma dubiedade. O Garotinho é sempre muito claro nas posições dele, às vezes até sofre críticas por isso. O PR nacional tem agido com imensa fidelidade à presidente Dilma. Mas o fato relevante é a imensa insatisfação de um número de parlamentares e filiados que não concordam com muitas medidas apoiadas e implementadas pela presidente que contrariam suas promessas de campanha, como a regulamentação da terceirização para atividade-fim e as novas regras que dificultam o acesso ao seguro desemprego. Eu faço parte deste grupo.

 Folha – Na edição de quinta de O Globo, o colunista Ancelmo Gois deu como certa sua saída do PR, como o JORNAL OLHAR noticiou (aqui), especulando que seu destino mais provável é o PSDB, numa costura com o líder dos tucanos na Câmara Federal, deputado Carlos Sampaio. Sua saída é certa? E o novo destino?

Clarissa - Outra hora falamos sobre isso.

Folha – Sobre a sucessão de Rosinha em 2016, você disse em entrevista ao Blog do Bastos: “Em 2016, o PR só precisa escolher o candidato certo, que o una o partido e dialogue com a sociedade”. Diante das dificuldades históricas do garotismo junto ao eleitor de maior escolaridade e renda, esse diálogo seria mais fácil com candidatos como o vice-prefeito Dr. Chicão (PP) ou o vereador Mauro Silva (PT do B)?

Clarissa – Interessante você falar em garotismo. Isso só amplia a relevância do Garotinho na política do nosso Estado. Já ouvimos falar em lacerdismo, getulismo, brizolismo, chaguismo… Mas nunca ouvimos falar de cabralismo, moreirismo e tampouco teremos o pezismo. Continuo achando que é cedo para definir nomes e que o melhor candidato é aquele que conseguir unir o maior número de virtudes: competência, lealdade, capacidade administrativa e de diálogo com a sociedade.

Folha – Na mesma entrevista, você disse que sua mãe conseguiu se reeleger porque teve o primeiro governo bem avaliado. Por essa lógica, as coisas se dificultam para 2016, quando as duas últimas pesquisas junto ao campista, feitas em abril por Pappel e Pro4, deram (aqui) ao governo Rosinha, respectivamente, 43% e 39,7% de ruim e péssimo, diante de só 19,9% e 26,3% de bom e ótimo?

Clarissa - Queda de avaliação é natural neste momento de crise nacional e nós ainda fomos afetados com a crise do petróleo que nos fez perder 40% da arrecadação. Não existe mágica matemática. Diminui receita, é preciso fazer cortes. E todo corte produz insatisfações. Além disso, o sentimento geral do país é negativo. Com o aumento da inflação, o poder de consumo fica reduzido. Estamos sofrendo o reflexo de tudo isso. Ainda assim, somos aprovados por mais da metade da população. Aquela que entende que a prefeita mudou a cara da cidade, que estamos buscando preservar as principais conquistas sociais e que torcem pra que a cidade supere este momento difícil.

 Folha – Mais detalhada, a pesquisa da Pro4 aferiu (aqui) que 65,5% do eleitorado hoje não votariam no nome apoiado por Rosinha em 2016. E essa rejeição a qualquer candidato governista chega a 90% entre os que têm curso superior e 92,9%, naqueles que ganham mais de cinco salários mínimos. Como reverter números tão negativos nos próximos 16 meses?

Clarissa - A pesquisa de boca de urna no Estado, quando todos já tinham votado, indicava Garotinho e Pezão no segundo turno com uma diferença de apenas 6 pontos. Me diga você: devo acreditar em pesquisas? Tem pesquisa séria, tem eleição estranha, tem instituto que vende pesquisa… não sei qual é a função de divulgar pesquisa. Influenciar o eleitor? Fazê-lo mudar de opinião?

 Folha – Em 2012, antes de sua mãe disputar e vencer a reeleição ainda no primeiro turno, você desdenhou, mas acertou ao afirmar que “a oposição em Campos não faz nem cosquinha”. Diante dos números de avaliação popular hoje desfavoráveis (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), a mudança se deve mais a acerto dos opositores ou erros do governo?

Clarissa - Se você insiste em falar de pesquisa e números eu te digo uma coisa: Rosinha tem avaliação melhor que a maioria dos prefeitos do Rio e do país. O momento é de crise nacional, a avaliação de todo mundo sofreu impactos. A oposição da cidade é ruim, por que não é oposição responsável. Eu votei a favor do governo várias vezes quando fui deputada estadual, porque os interesses coletivos devem estar acima dos interesses pessoais. Nunca fiz oposição ao Estado, embora discordasse veementemente do Governador. Aqui misturam as coisas e acabam fazendo oposição à cidade.


Folha – Falando sinceramente, o maior erro recente do seu grupo não foi ter insistido na candidatura de Garotinho a governador, sem conseguir chegar ao segundo turno, além de neste ter apoiado Marcelo Crivella (PRB), perdendo (aqui) para Luiz Fernando Pezão (PMDB) em cinco das sete zonas eleitorais de Campos? 

Clarissa - Ganhar e perder faz parte do processo político e da vida. Erro é não defender suas ideias e buscar seus sonhos. Ele sabia que enfrentaria uma forte estrutura econômica e que o campo popular estaria dividido em três. Mas quis correr o risco, e a diferença pro Crivella foi muito pequena. Se Garotinho não fosse ousado jamais teria saído da rádio Continental de Campos e chegado a ter seu nome entre os principais candidatos à presidência da República, com mais de 15 milhões de votos. Há pessoas que ficam estacionadas na vida, observando e até criticando a trajetória dos outros. Nem sempre tudo dá certo, mas o que vale é a coragem e disposição para enfrentar a vida e seus desafios.


Folha – Militante histórico do garotismo, o deputado estadual Geraldo Pudim tem declarado entender que um ciclo do movimento se esgotou, desde que tomou as rédeas de Campos em 1989, e precisa agora se reciclar para ter êxito em 2016. Concorda? Por quê? 

Clarissa - Fico feliz de saber que ele pensa assim. Renovação não significa desconsiderar a importância de cada pessoa que ajudou a construir uma história, significa apenas que ela precisa de novos formatos, nova linguagem e novos personagens que vão defender o mesmo legado. A política é feita de ideias. Os líderes formulam essas ideias, que inspiram outras pessoas, em várias gerações e abrem espaços para elas. E essas pessoas tem o dever de dar sequencia, de atualizar as ideias, de traçar novas estratégias. E também de serem respeitosos e leais com aqueles que os inspiram.

Folha – Wladimir (PR) e o deputado estadual Bruno Dauiare (PR), apoiado por seu irmão e você na última eleição, fazem parte dessa reciclagem? Quem mais? Você representa a renovação do garotismo apenas no Rio e Brasília, ou pensa em um dia também sê-la em Campos?

Clarissa - A renovação é reconhecida, não deve ser auto-intitulada.

Folha – Campos lhe deu 47.470 votos na última eleição, equivalentes a impressionantes 19,89% dos votos válidos parta deputado federal. Como pretende honrar essa votação na Câmara Federal e o que isso é capaz de projetar ao seu futuro no município?

Clarissa - A minha cidade sempre poderá esperar de mim dedicação e trabalho. Em Brasília já me reuni com o ministro dos Portos para acelerar os estudos para a implementação da segunda fase do Porto de Barra do Furado. Já estive no DER cobrando respostas sobre a licitação que emperrou as obras que ligam Campos a Quissamã, nos reunimos com a Companhia aérea Azul para tentar a volta dos voos para o Santos Dumont, estamos monitorando a execução das emendas parlamentares para a cidade e trabalhando incansavelmente pela aprovação no Senado do projeto que cria o Fundo de Recuperação Econômica dos Municípios Produtores de Petróleo. Sei o tamanho da confiança que a minha cidade me cofiou e sei o tamanho da responsabilidade que isso representa.

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