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Ao Gato Preto tombado como Patrimônio Histórico e Cultural de Campos

segunda-feira, 14 de julho de 2014

/ Jornal Olhar

Quem nunca ouviu falar nos famosos botequins, ou pés sujos, ou até mesmo os pés inchados? Eles fizeram história na cidade de Campos, não só por toda trajetória cultural que os remetiam, mas também pela infinidade de fatos que marcaram o cenário intelectual e artístico do município, abrigando aficionados do bom bate-papo com amigos. Muitos já fecharam suas portas, mas tem um que em seus mais de 90 anos de existência sobreviveu às transformações da sociedade, e se manteve com integridade de sempre, sem sofrer alterações na sua estrutura físico-filosófica: Ao Gato Preto, que recebeu o tombamento como Patrimônio Histórico e Cultural da cidade de Campos.
O reconhecimento foi publicado no Diário Oficial do Município desta segunda-feira (07/07). 
De acordo com produtor cultural e diretor de cultura da Associação de Imprensa Campista, Wellington Cordeiro, o reconhecimento veio após uma reunião do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Arquitetônico de Campos (Coppam), ocorrida no dia 1º de julho deste ano.
“Essa iniciativa partiu, não só porque sou frequentador, mas pela preocupação por toda questão histórica e cultural que o bar representa para a cidade. Eu percebi que Ao Gato Preto tinha condições para ganhar essa honraria na cidade”, disse o produtor que enviou um ofício ao Coppam solicitando o tombamento do estabelecimento como patrimônio Cultural e Histórico da cidade.
De acordo com Wellington, na memória boêmia campista, se apagaram nomes como Bar Vermelho (Rua Aquidaban), Bar Meu Dragão Minha Mãe Comeu (Rua Aquidaban), Bar do Estranho (Avenida Alberto Torres), Bar Doce Bar (Rua João Pessoa), Taberna 13 (Rua Treze de Maio), Bertolino e Bar São Jorge (Rua Sete de Setembro), Cabana's, Quincas Berro D'Água e Barracão (atrás da Igreja Boa Morte), Bar Clin, Bundinha de Fora (esquina da Marechal Floriano), Bar Universitário (Avenida Visconde de Alvarenga), Bar da Zaíra (Av. Alberto Torres), Tom Tom (Centro), Rabisco (Rua Aquidaban), Bicho André (Rua Lacerda Sobrinho), Barbearia (Av. 28 de Março), Bar de Dr. Darcy, entre tantos outros, mas somente o Ao Gato Preto permanece vivo até hoje.
“Aqui, ao longo desses 90 anos de história, já passaram pessoas renomadas, artistas, políticos e também trabalhadores, e por mais que tenha passado cinco donos de cinco gerações diferentes, não houve mudanças no local. Ao Gato Preto também foi palco de vários projetos, críticas políticas e sociais, discussões sobre temas variados, além de troca de experiências. E foi justamente em um desses encontros que surgiu a ideia do tombamento. Encaminhei o ofício e em menos de um mês foi aprovado”, relatou.
O presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (Coppam), Orávio de Campos Soares, disse que a proposta do tombamento, apresentada por Wellington Cordeiro, foi acolhida por unanimidade pelos conselheiros do Coppam.
“No Mapa da Cultura do Estado do Rio de Janeiro, temos exemplos de botecos e bares tombados como patrimônio e Ao Gato Preto é um importante ponto cultural do nosso Centro Histórico, abrigando 90 anos de história”, disse o presidente.
POR TRÁS DO BALCÃO
Atualmente, o bar Ao Gato Preto é de propriedade de Seu José Carlos, o ‘Zé Psiu’ que labuta diariamente ao lado de seu filho Paulo Sergio Barbosa e seu neto Fabiano. Funciona de segunda a segunda para uma clientela fiel e eclética, desde garis até médicos e delegados de polícia.
“Antes de ser Ao Gato Preto, o local era chamado de Bar Coringa. Somente de 50 anos para cá é que passou a ser chamado pelo nome atual, e sempre funcionando aqui nesse mesmo lugar com fregueses assíduos, fixos e fiéis. Um bar extremamente democrático, onde se conversa todo tipo de assunto. Eu fiquei muito surpreso com tudo esse reconhecimento e muito feliz também”, contou Paulo Sérgio.
‘AQUI É MEU SEGUNDO LAR’
Frequentador há mais de 40 anos do Ao Gato Preto, o aposentado Germano D’Ângelo, 67 anos, disse que o bar é seu segundo lar. “Fiz vários amigos aqui. Quando comecei a frequentar, em 1966, ainda se chamava de O Coringa. Aqui vivi tantas histórias engraçadas. Várias figuras frequentam aqui, a começar pelo dono que é um tremendo fofoqueiro, porque não há nada que não aconteça no bar que minha mulher não fique sabendo no dia seguinte”, disse aos risos o aposentado.
Outro frequentador de longo tempo é seu ‘Pará’, 72 anos. “O que a gente mais preserva aqui é o respeito. Venho para cá quase todo dia. Fiz amigos e conheci pessoas maravilhosas. Aqui não tem bagunça é só gente do bem. Se eu tiver na rua tenho que parar aqui, porque caso contrário o meu dia não fica completo”, mencionou o aposentado.
 
Fonte:Ururau

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